segunda-feira, 23 de abril de 2012

VOCÊ E O TEMPO !

VOCÊ E O TEMPO Certa vez, o Homem se encontrou com o Tempo. Cumprimentaram-se, prometeram amizade para sempre e desejaram caminhar unidos pelo resto dos dias. Longos caminhos andaram juntos. Percorreram a infância brincando em alegre fraternização, atravessaram a meninice de mãos dadas, entraram abraçados e cheios de expectativas no mundo da adolescência. Mas, à medida que a adolescência acontecia, o Homem passou a se envolver apenas consigo mesmo, deixando de lado seu amigo, até então inseparável, o Tempo. Ocupado demais em seus sonhos e ansiedades, ele exclamava, cada vez mais nervoso: - Agora não tenho Tempo. O Tempo, lúcido como sempre, tentou refazer a velha amizade: - Por que não caminhamos juntos? - Seria perda de Tempo! – respondeu impaciente o Homem. O Tempo voltou a observar-lhe: - Já pensou que, se você me perder, ficará longe do Agora, girará sem controle, como astronauta despencado no espaço sideral? - Vou ser sincero com você, Tempo. Nossa ligação acabou. Não agüento você querer me empurrar para frente, quando tenho tanta coisa enrustida me afligindo. Preciso parar, mas você alega que não pode esperar até que minhas coisas se resolvam. Estamos incompatibilizados. Siga o seu caminho que eu sigo o meu. O Tempo compreendeu o drama do Homem e aconselhou: - Vem comigo, que tudo se resolve. Não adianta ficar travado em lugares que já percorremos. Eu sou livre porque sigo em frente, nada me detém. O Homem se irritou: - Querendo me dar conselhos? Pois saiba que não me importo mais com você. Sua companhia foi boa enquanto durou. Agora estou ligado na minha Vida. Você pode se mandar, que, para mim, você é Tempo perdido. - Acha que sem mim a Vida existe? Está enganado. Querer viver a vida sem a minha companhia é pura ilusão. A Vida, sua nova companheira, está montada em mim. Ou você vem conosco ou ficará perdido num buraco negro. - Não concordo, não é verdade – rebateu o Homem. O Tempo sorriu complacente e explicou: - Observe o que acontece com quem não me acompanha. É um contraTempo. Afastando-se de mim, afasta-se da Vida; afastando-se da Vida, cai no abismo; no abismo, tem a desagradável companhia da depressão, do estresse, do vazio, da perda de rumo, da carência, da depressão, do abandono. O Homem calou-se, refletiu e resolveu recuperar o Tempo perdido.

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